Fundação Padre Albino

Orientações Nutricionais

Orientações Nutricionais

Objetivo

O papel da nutrição durante o tratamento é essência. O nosso corpo precisa receber nutrientes específicos para apresentar uma resposta melhor frente ao tratamento contra a doença. Durante essa fase, o nutricionista deve atuar primordialmente em duas frentes: preparando o paciente para o início da terapia e para reverter ou amenizar seus efeitos colaterais, de forma individualizada, adequando a dieta para uma melhor oferta de nutrientes. O acompanhamento nutricional é determinante, pois impacta diretamente no início e na continuidade do tratamento oncológico, influenciando assim em seu resultado. O nutricionista foca na individualidade do paciente para se adaptar ao momento que cada um está passando. Sempre são levados em consideração as preferências do paciente, sua rotina e sua cultura, pois alimentação também é cultural. Sabendo que esse momento é repleto de dúvidas, este material foi desenvolvido como apoio ao paciente. Para tornar este momento mais leve e ajuda-lo a enfrentar o processo com mais qualidade de vida.

Nutrição

Orientações nutricionais

• Lave as mãos e as áreas de preparo dos alimentos. A higienização é o primeiro passo para garantir a segurança do alimento.

• Cozinhe bem os alimentos. Garantindo que todas as partes estejam cozidas reduz o risco de contaminação nos alimentos.

• Cuidado com a temperatura. Evite deixar mais que 2 horas em temperatura ambiente; armazene adequadamente na geladeira. Caso esteja no freezer, descongelar sob refrigeração.

• Inclua fontes de fibras alimentares diariamente. Cinco porções ao dia, entre frutas, verduras e legumes. Eles são ricos em nutrientes, como fibras, vitaminas e minerais, e vão contribuir para o bom funcionamento do intestino e para garantir a oferta de todos os nutrientes de que seu organismo precisa.

• Adicione alimentos fontes de proteína em todas as refeições. Sendo proteínas de origem animal (carnes bovina e suína – até 500 g na semana -, frango, peixe, ovo - 2 a 3 unidades -, leite e derivados), e de origem vegetal (feijão, soja, lentilha, ervilha, grão de bico).

• Evite o consumo de alimentos ultraprocessados, que são ricos em sódio/ gordura/ açúcar e embutidos (como mortadela, presunto, salsicha, salame, etc.). Os industrializados são aqueles prontos para o consumo, que não necessitam de preparo, como por exemplo biscoitos recheados, embutidos, salgadinhos de pacote, refrigerantes, macarrão instantâneo, mistura para bolos, barra de cereal, refrigerantes, temperos prontos e produtos congelados.

• Para reduzir o consumo de sal e gordura, troque os temperos prontos (caldo de carne e de galinha, etc.) por temperos naturais, como: salsa, cebolinha, orégano, coentro, louro, alho, cebola, manjericão, dentre outros.

• Não pule refeições. Faça de 5 a 6 refeições diárias, de 3 em 3 horas (desjejum, lanche da manhã, almoço, lanche da tarde, jantar e ceia).

• Dê preferência aos alimentos e preparações que você mais gosta.

• Faça pratos coloridos, variados e atrativos.

• Quando for comer fora de casa, cuidado nas escolhas. Evite alimentos que levem maionese e vegetais/folhosos crus e frutas que consome com casca. Por não sabermos se a higienização foi adequada, o risco de contaminação aumenta.

Dica Bônus:

Hidrate-se! Beba pelo menos 2 litros (ou 8 copos) de líquidos por dia. Esses líquidos podem ser ingeridos na forma de chás, suco natural, água, água saborizada e água de coco. Tenha uma garrafinha por perto. Procure contar o quanto de líquido você está ingerindo a cada dia.

Fique Atento!

Não compre alimentos a granel, como castanhas, amendoins e nozes. Prefira opções vendidas já em embalagem fechada.

• Se consumir mel ou melado de cana, prefira o pasteurizado e com o selo do Ministério da Agricultura.

• Os alimentos congelados devem ser descongelados na geladeira e não podem voltar ao congelador.

Higienização de hortifruti

Higienizar frutas, verduras e legumes com hipoclorito de sódio, seguindo as recomendações do fabricante ou com solução de 1 colher de sopa de água sanitária (identificar no rótulo do roduto se pode ser usada para este fim) para cada litro de água. Deixar de molho por 10 a 15 minutos e enxaguar em água corrente potável.

Alimentação durante a quimioterapia e radioterapia

Uma alimentação variada, nutritiva, colorida, é sempre bem-vinda. O hábito de comer melhor, ajuda a enfrentar o tratamento e vencer os efeitos colaterais, mantendo a disposição, evitando a degeneração dos tecidos do corpo e a reconstruir aqueles que os efeitos colaterais do tratamento possa ter prejudicado. Quando não é ingerido a quantidade adequada de nutrientes, ou é ingerido o tipo errado de alimento, o corpo utiliza o que tem armazenado como fonte de energia, causando assim fraqueza e diminuindo a imunidade.

Para manter o organismo forte, a alimentação deve conter regularmente frutas, verduras, legumes, proteínas (de origem animal e/ou vegetal), gorduras saudáveis e carboidratos.

Quimio
Manejo de sintomas

Mucosite / Feridas na boca: A mucosite são feridas que podem acontecer na cavidade oral, podendo ser na boca, faringe, laringe, esôfago e outras áreas relacionadas. É comum durante o tratamento oncológico e podem causar dor e dificuldade no ato de se alimentar. Para aliviar o desconforto, deve-se:

• Adequar a consistência, tempero, acidez e a temperatura, dando preferência a alimentos de consistência pastosa ou semilíquidos, fáceis de mastigar e de engolir, sabor suave e temperatura ambiente, fria ou até mesmo gelada.
• Reforçar a higiene oral (cuidado com o enxaguante bucal, esse deve ser sem álcool).
• Aumentar o fracionamento da dieta e reduzir o volume por refeição.
• Evitar alimentos com propriedades irritantes da mucosa, como sal ou especiarias, temperos apimentados e ácidos, excesso de cafeína, alimentos tipo chips, doces concentrados e frutas ácidas, como laranja, limão e abacaxi.
• Ingerir alimentos macios e com molhos, purês, cremes e vitaminas de leite com frutas.
• Incentivar a ingestão de líquidos. Beber líquidos com canudos.
• Hidratação da boca com manteiga de cacau ou cremes à base de vaselina.
• Chá de camomila pode se torar um aliado na melhora da mucosite e alívio da dor. Faça bochechos antes das refeições.

Xerostomia / boca seca: Quando a produção de saliva é baixa, também pode interferir na alimentação. Portanto, é recomendado:

• Adequar a consistência, preferindo alimentos líquido ou pastoso;
• Promover a estimulação salivar com utilização de balas/chicletes mentolados.
• Preferir alimentos úmidos, macios, com molhos, em forma de purê, caldos e sorvetes.
• Evitar alimentos duros, secos e difíceis de engolir.
• Ingerir líquidos em pequenas quantidades durante a refeição, para facilitar a mastigação e a deglutição. Preferência por sucos ácidos.
• Manter boa hidratação da boca, ingerindo constantemente pequenas quantidades de água, e/ou deixar derretendo na boca pedaços de gelo feitos de água de coco e/ou sucos.
• Preferir alimentos frios ou gelados.
• Chupar balas de frutas e picolés de frutas cítricas, e utilizar goma de mascar.
• Usar gotas de limão nos alimentos e bebidas e espremer gotas de limão embaixo da língua para aumentar a salivação.

Constipação / Intestino preso: Causado devido baixa ingestão hídrica, dieta baixa em fibras, sedentarismo e/ou efeito colateral de medicamentos. Para melhorar, você deve:

• Consuma alimentos ricos em fibras, grãos e cereais integrais, vegetais e frutas cruas (realizando a higienização adequadamente).
• Aumente a sua ingestão de líquidos, entre água, chás (sem açúcar), água saborizada.
• Pratique atividade física regularmente, incluindo caminhadas.
• Evite alimentos que formem gases (ex.: repolho, couve-flor, brócolis, feijões, lentilhas e refrigerantes).
• Evitar o consumo de batata-inglesa, macarrão, pão branco, arroz branco, biscoitos dos tipos cream-cracker, amido de milho ou água e sal.
• Evitar frutas com propriedades constipantes (banana-prata ou bananamaça, caju, maçã com casca, pera com casca, limão, goiaba sem casca e sem semente, pêssego sem casca, maracujá, melão, melancia. Sucos de fruta: goiaba, caju e limonada).
• Incluir na alimentação legumes, hortaliças e vegetais crus.
• Sempre que possível, adicionar cereais integrais, aveia, farinha de linhaça, farelo de trigo, granola, gérmen de trigo, mel e ameixa-preta em alimentos como leite, vitaminas, iogurtes, coalhadas e frutas.

Diarreia: A diarreia é um efeito colateral que pode surgir durante o tratamento. Ela pode causar perda de peso e desidratação. Para melhorar esse sintoma:

• Evite alimentos ricos em fibras e dê preferência a vegetais e frutas cozidas.
• Evite consumir leite e derivados (creme de leite, iogurte, coalhada, etc.).
• Fracione as refeições, em menores quantidade de comida e mais vezes ao dia.
• Aumente a ingestão de líquidos. Beba cerca de 2 litros ou mais, de água por dia (de preferência fora do horário das refeições), incluindo água, bebidas isotônicas, água de coco, chás, soros de reidratação oral, sucos coados e gelatinas.
• Evite bebidas gaseificas.
• Evite alimentos gordurosos ou muito condimentados, e muito quentes ou gelados.
• Evite realizar atividades físicas logo após as refeições.
• Evitar alimentos que causem flatulência (feijão, milho, ervilha, lentilha, ovos, condimentos em geral, repolho, brócolis, pimentão, queijos em geral, bebidas gaseificadas, café, batata-doce, aveia, abacate, goiaba, maçã, uva, melão, melancia, jaca, laranja, doces em geral).
• Em caso de flatulência (gases), mastigar os alimentos devagar e com a boca fechada, afim de evitar ingerir ar.
• Retirar da dieta alimentos com propriedades irritantes e que estimulam o peristaltismo, como cereais integrais, fibras insolúveis, frituras, alimentos gordurosos e condimentados, vegetais crus, café, chocolate, frutas e sucos cítricos.
• Ingerir alimentos ricos em fibras solúveis para controle do trânsito intestinal (limão, acerola, pitanga, abacaxi, maçã e pera sem casca, goiaba, caju, kiwi e cajá, aveia, cevada e chia).
• Evitar alimentos em temperatura extrema.

Nutrição
Manejo de sintomas

Náuseas e vômitos: São sintomas comuns após a quimioterapia, sendo que pode durar alguns dias após, o que impacta e muito na alimentação. Assim, seguem algumas recomendações para melhorar esses sintomas:

• Fracione as refeições, em menores quantidade de comida e mais vezes ao dia. Se alimentando sempre devagar.
• Preferir alimentos secos, como torradas, biscoitos e cereais. Principalmente no café da manhã.
• De preferência aos alimentos frios ou gelados, são melhores tolerados e reduzem a sensação de náuseas.
• Evite a ingestão de líquidos durante as refeições. Procure ingerir 30 minutos antes ou após.
• Após as refeições, faça repouso e permaneça com a cabeça elevada por cerca de 40 minutos.
• Evite frituras, alimentos gordurosos ou muito temperados.
• Incluir gengibre, adicionando-o em preparações ou por meio da ingestão de sucos e chás.
• Consumir alimentos bem tolerados e de odor neutro.
• Comer devagar, mastigando bem os alimentos.
• Caso o cheiro das refeições sendo preparadas o incomode, peça para alguém preparar para você e fique distante do cômodo. Peça ainda, para que alguém destampe as panelas, pois o cheiro do vapor pode contribuir para as náuseas
• Alimentar-se em locais arejados, frescos e longe do cheiro dos alimentos sendo preparados.

Dificuldade / dor para engolir: Para melhora da disfagia e da odinofagia, o ideal é o acompanhamento com o profissional fonoaudiólogo. Mas algumas dicas podem ser seguidas:

• Adeque a consistência das refeições, preferindo preparações de fácil mastigação e deglutição, conforme melhor aceitação.
• Em caso de disfagia à líquidos ou semilíquidos, o uso de espessante alimentar é indicado.
• Em caso de disfagia à alimentos sólidos, ingerir os alimentos em pequenas porções e junto à líquidos, para facilitar a mastigação e a deglutição.
• Evitar alimentos secos. Dar preferência a alimentos umedecidos.
• Evite alimentos ácidos e muito temperados, que possam irritar a mucosa.
• Manter postura ereta durante as refeições e nos 30 min seguintes, para reduzir risco de aspiração.
• Evitar distrações no ambiente e conversas durante as refeições.

Perda de apetite: Durante o tratamento, é comum a perda de apetite. Mas é preciso que se atente a alimentação para evitar a perda de peso e outros agravos, como a queda do sistema imunológico. Siga algumas dicas:

• Procure se alimentar dos seus itens preferidos, preferencialmente os mais calóricos e proteicos, como ovos, leite e derivados (queijos, iogurtes) e carnes.
• Fracione as refeições, em menores quantidade de comida e mais vezes ao dia.
• Evite a ingestão de líquidos durante as refeições.
• Sirva os alimentos de forma atrativa, variando nos ingredientes.
• Coma alimentos ricos em zinco e cobre, que auxiliam na recuperação do paladar. Alguns deles são: milho, feijão, cereais de trigo, ovos, ervilhas e pães integrais.
• Ingerir alimentos cítricos, hortelã e gengibre para estimular a salivação.
• Usar ervas frescas, secas e especiarias para acentuar o sabor o sabor e o aroma dos alimentos.
• Em caso de aversão à carne vermelha, substituir por frango, peixe, ovos e queijos.
• Utilizar talheres de plástico se os alimentos tiverem gosto metálico.

Saciedade precoce: Durante o tratamento, é comum que ocorra a sensação de plenitude gástrica. Algumas dicas podem auxiliar a melhorar a aceitação das refeições. São elas:

• Escolha os alimentos de sua preferência e mais bem tolerados.
• Higiene oral antes das refeições para melhorar o paladar.
• Aumentar o fracionamento da dieta e reduzir o volume por refeição.
• Aumentar a densidade calórica e proteica, mas com baixo teor lipídico.
• Evitar a ingestão de líquidos durante as refeições.
• Evitar bebidas gaseificadas.
• Modificar as fibras do alimento por meio da cocção e/ou trituração, ou seja, legumes cozidos, frutas sem casca e bagaço, cozidas ou na forma de sucos.
• Dar preferência a grãos como feijões, grão-de-bico, lentilha e ervilha liquidificados ou somente o caldo da sua preparação. Antes do preparo, deixar de molho.
• Consumir carnes magras, cozidas, picadas, desfiadas ou moídas em pequenas porções.
• Reforçar as primeiras refeições do dia.
• Evitar a ingestão de líquidos junto com as refeições.
• Evitar repetições frequentes dos alimentos.
• Evitar excesso de gordura.
• Não estar presente no local que a comida é preparada, para que o cheiro não atrapalhe no momento da refeição.

Terapia nutricional

Algumas variáveis podem interferir no estado nutricional do paciente, o que torna a terapia nutricional essencial no tratamento.

Deve-se levar em consideração alguns pontos, desde o momento do diagnóstico, e por todo tratamento. Variáveis essas em relação ao tumor, como localização e estágio da doença, o impacto que a terapia irá causar no metabolismo, sintomas decorrentes do tratamento como fadiga, alteração no paladar, perda de peso, perda de massa muscular, desnutrição.

Com a Nutrição, é possível atuar exatamente nos sintomas que estão interferindo na qualidade de vida do paciente, melhorando sua imunidade, sua saúde e fazendo com que o organismo esteja preparado para receber a terapia e apresente menos reações. Além disso, estudos comprovam que o estado nutricional do paciente tem relação direta com uma boa resposta ao tratamento.

Cuidados paliativos

A nutrição em cuidados paliativos tem como objetivo reduzir os efeitos colaterais provocados pela doença e pelo tratamento, como náuseas, vômitos, diarreia ou constipação, disfagia, xerostomia, inapetência alimentar, saciedade precoce, etc.

Além de auxiliar no controle de sintomas, também devem ser levadas em consideração as necessidades nutricionais individualizadas de cada paciente, como manter a hidratação, a fim de evitar a perda de peso e preservar a composição corporal.

Ainda em relação ao cuidado nutricional, o acompanhamento do paciente em cuidados paliativos pode ressignificar os alimentos, possibilitando meios e vias para alimentação, desde que seja benéfico para o paciente e este esteja concordante com a conduta nutricional.

Dicas de receitas

Separamos o material abaixo com dicas de receitas saudáveis para você, clique abaixo para realizar o download.

Cartilha de Receitas
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